Na Alemanha, um dos países com mais interessados no serviço, algumas empresas falam até em “noivas por encomenda”. Uma agência de casamentos com sede em Berlim diz: “As mulheres brasileiras amam cuidar de um homem que lhe dê atenção e mostra que a ama! Devido ao forte senso de família e ao seu calor natural, as mulheres brasileiras são muito leais, orientadas para a família, femininas e afetuosas”. Outro site alemão foca na aparência: “O bronzeado sexy é a autenticação das mulheres do Brasil.” O mercado das agências casamenteiras se expandiu nas últimas décadas, e hoje muitos sites de relacionamento falam de casamento ou flertam com a proposta. Existem páginas específicas para brasileiras e latinas. Anúncio em site tenta captar brasileiras interessadas em casar com homens de países ricos — Foto: Reprodução Para elas, o casamento com europeus é vendido como passaporte para uma vida mais segura. No entanto, especialistas e autoridades apontam que esse modelo de casamento serve de porta de entrada para cadeias de violências e abuso. A barreira do idioma, a falta de redes de apoio, o desconhecimento das leis locais e a dificuldade de se inserir no mercado de trabalho aprofundam a vulnerabilidade das mulheres. A agência de notícias alemã Deutsche Welle conversou com brasileiras que casaram através dessas agências e mostra que, muitas vezes, a realidade no novo país se mostra bem diferente do imaginado. Muitas delas são obrigadas a cuidar da casa e dos maridos sozinhas. Uma delas foi até proibida de estudar e de ter conta bancária, e foi vítima de violência doméstica. A advogada Delaine Kühn atua na Alemanha e ressalta que existem alternativas para além do casamento para a brasileira que quiser migrar. Solicitar um visto de estudante para aprender alemão é uma das alternativas. “A gente nunca sabe como a outra pessoa vai reagir quando o casal vai morar junto. Muitas vezes, aquele príncipe encantado vira um sapo”, diz. A antropóloga Thais Tiriba, que pesquisou agências que promovem casamentos entre brasileiras e alemães conta o que descobriu: “A brasileira é apresentada desse jeito: ela tem uma disposição natural para o lar, a carreira dela está em segundo plano, ela tem uma alegria contagiante que vai mudar a vida desse alemão que está entrando nesse site. A brasileira, de alguma maneira, ela é apresentada como a extensão desse destino paradisíaco”, afirma.
Noivas por encomenda: agências de casamento vendem brasileiras como esposa ideal, mas muitas enfrentam realidade difícil
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