Com baixa produtividade no plenário, deputados apostam em polarização de olho em 2026

Com baixa produtividade no plenário, deputados apostam em polarização de olho em 2026

Os parlamentares concentraram as discussões neste início de ano em temas polarizados, que opõem de forma clara esquerda e direita no Congresso. Hugo Motta discursa pela primeira vez como presidente da Câmara — Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados Anistia A pauta da Casa tem sido dominada pelo projeto que propõe anistiar os envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro. De um lado, os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do outro deputados governistas, que dão suporte político ao presidente Lula (PT) na Câmara. Oposição vai travar pauta da Câmara em reação à decis]ao de Motta sobre PL da Anistia Apesar disso, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse que se reunirá com o presidente na próxima semana para tentar avançar com o assunto. O senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), afirmou que a pauta “travada” e polarizada não deve se alterar até a eleição do ano que vem. “Quanto mais perto da eleição, só tende a aumentar a polarização no Congresso. Enquanto tivermos Lula e Bolsonaro, não tem como fugir disso”, disse. Embora lute para travar a pauta na Câmara, o próprio governo pode se beneficiar de alongar a discussão sobre a proposta, segundo o cientista político Murilo Medeiros, da Universidade de Brasília (UnB). Ele explica que a defesa da democracia deve ser um tema chave na eleição de 2026 e o projeto da anistia pode ser um instrumento para o governo rivalizar com os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Talvez o governo esteja apostando em 2026 em uma narrativa da democracia contra um projeto autoritário. O governo talvez queira manter essa chama acesa para polarizar com os bolsonaristas”, avalia Medeiros. Análise de cassação Outro caso que tem mobilizado os deputados é a cassação do mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Glauber é alvo de uma denúncia feita pelo partido Novo, que o acusa de ter quebrado o decoro parlamentar ao agredir e expulsar do prédio da Câmara, com chutes e empurrões, um militante do Movimento Brasil Livre (MBL). O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) durante a greve de fome. — Foto: Divulgação O PL mobilizou os deputados para defender a cassação do parlamentar e escalou nomes com popularidade nas redes, como Nikolas Ferreira (PL-MG), para discursar na reunião do Conselho. Suspensão de ação penal Depois de ver a urgência para o projeto da anistia esfriar, a oposição agora aposta em um pedido que pretende suspender a ação penal na qual o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) é réu. O deputado Delegado Ramagem (PL-RJ). — Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados Governistas avaliam que a oposição quer construir uma vitória com ampla maioria para mostrar força, após a anistia ter sido deixada de lado por Motta. O pedido, apresentado pelo partido em abril, se baseia no artigo 53 da Constituição, que afirma que partidos políticos podem pedir a suspensão de ações contra deputados e senadores que ocorram após a diplomação. dano qualificado (com violência, com grave ameaça, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima); e deterioração de patrimônio tombado. Ou seja, na visão do STF, mesmo que a Câmara decida aplicar o artigo 53 da Constituição, Ramagem seguiria réu pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito Golpe de Estado e Organização criminosa. Mesmo com decisão do STF, CCJ deve analisar íntegra do recurso sobre Ramagem Segurança Pública Outro tema que tem elevado a polarização na Casa e que é caro ao eleitor é a segurança pública. Na comissão da Câmara que discute o tema, dominada por oposicionistas, projetos que não devem avançar – mas que servem de discurso para as bases políticas dos deputados – têm sido colocados em pauta pelo presidente Paulo Bilynskyj (PL-SP). O presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara, deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP). — Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados Um exemplo é a proposta que pretende desarmar a segurança pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sob o argumento de que o governo é contra a política armamentista. Deputado deseja morte de Lula e, um dia depois, pede desculpa; compare falas De um lado, o governo pretende aumentar o poder da União para estabelecer diretrizes de atuação das forças de segurança no país e a política nacional de segurança. A proposta é estratégica para Lula, que viu a popularidade cair e enxerga uma saída no combate à violência, a principal preocupação do brasileiro, segundo a pesquisa Qaest. Do outro lado, deputados a serviço de governadores da direita, que temem perder os ganhos eleitorais com a política de segurança pública.

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