Do papel à tela: digitalização revela a memória política de Juiz de Fora desde 1950

Do papel à tela: digitalização revela a memória política de Juiz de Fora desde 1950

Desde março, quando o Legislativo celebrou 172 anos de história, parte do acervo com documentos de 1950 a 2002 foi digitalizada e está disponível para consulta pública. Ao todo, foram digitalizados 45 livros de atas de reuniões ordinárias e extraordinárias, totalizando 21.843 páginas. O projeto foi idealizado pela Divisão de Arquivos da Câmara, em parceria com o Centro de Conservação da Memória da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Esses registros documentam momentos únicos e representam uma fonte riquíssima de pesquisa e conhecimento sobre nossa história”, destaca a superintendente de Preservação Institucional e Memória da Câmara, Nilma Ferreira de Sá. Atas da Câmara Municipal de Juiz de Fora foram digitalizadas e estão disponíveis no site da Câmara — Foto: Câmara Municipal de Juiz de Fora/Divulgação Documentos que contam a história da cidade Atas da Câmara Municipal de Juiz de Fora foram digitalizadas e estão disponíveis no site da Câmara — Foto: Câmara Municipal de Juiz de Fora/Divulgação Ao longo das décadas, esses documentos registraram decisões que definiram os rumos de Juiz de Fora, desde processos políticos até homenagens e debates emblemáticos. Entre os episódios mais marcantes, destacam-se: Em 15 de dezembro de 1950, foi lido um documento informando que o vereador Lindolfo Hill, respondia a um inquérito policial. Seu suplente foi então convocado.A sessão secreta de 7 de maio de 1964, que selou a cassação de quatro vereadores do PTB durante a ditadura militar: Peralva de Miranda Delgado, Nery de Mendonça, Francisco Afonso Pinheiro e Jair Reihn. Homenagens a nomes como Olympio Mourão Filho, general juiz-forano que deu o pontapé inicial no golpe de 64.O debate sobre a revogação do título de cidadão honorário de Leonel Brizola, às vésperas do golpe. Ata da sessão secreta de 7 de maio de 1964, que selou a cassação de quatro vereadores do PTB durante a ditadura militar — Foto: Câmara Municipal de Juiz de Fora/Divulgação “É uma documentação democrática, bruta, sem filtros, que permite entender a temperatura política de cada época”, analisou o historiador e mestrando Bernardo Inácio Netto, que também participou do projeto. “Essas atas são uma janela aberta para a história institucional e social de Juiz de Fora”, concluiu. Preservação e acessibilidade A digitalização foi feita com um scanner a laser de última geração, garantindo imagens em 1200 dpi (quatro vezes acima da exigência oficial). Essa alta resolução assegura a legibilidade e longevidade dos documentos. Segundo Isabela Ferreira, estudante de arquivologia que participou da iniciativa desde o início, a proposta surgiu da necessidade de preservar livros em deterioração avançada. “Higienizamos folha por folha antes de escanear. O trabalho foi árduo, mas saber que esses documentos estão acessíveis para qualquer cidadão me dá muito orgulho”, conta. Para ela, o impacto vai além da preservação física e mostra o crescimento da cidade em várias frentes: territorial, demográfica e social. Atas da Câmara Municipal de Juiz de Fora foram digitalizadas e estão disponíveis no site da Câmara — Foto: Câmara Municipal de Juiz de Fora/Divulgação Memória democrática e transparência Além de preservar documentos raros e frágeis, o projeto também pretende reforçar a transparência pública. “O acesso sempre foi permitido, mas agora qualquer pessoa pode fazer isso de casa. É uma forma de democratizar o conhecimento e incentivar novas pesquisas”, completa Nilma. A digitalização começou em junho de 2024 e foi concluída em março de 2025. Os volumes de 1950 a julho de 1988 pertencem ao Arquivo Histórico da Prefeitura; os demais estão na Câmara Municipal. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes

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