Em nota, a Unoeste informou que está apurando as informações, mas destacou que “não compactua com qualquer prática que viole a ética acadêmica” (confira o posicionamento completo adiante). O aluno registrou um boletim de ocorrência por falsidade ideológica na Polícia Civil e, ao lado do advogado Michael de Jesus, pretende denunciar o caso na Justiça. Ele segue reprovado e, por isso, não poderá participar da colação de grau junto com a turma no fim deste mês. Ao g1, Roberto disse que não conseguiu recorrer da reprovação porque teve a assinatura falsificada na ata de uma reunião sobre a nota que o reprovou em uma disciplina em 2023. No documento, constava que o estudante havia entendido os motivos da reprovação e aceitado tal decisão. No entanto, o aluno garantiu que não assinou nenhum termo com esse teor. Roberto confirmou ter participado de uma reunião na data do documento, mas ressaltou que nunca concordou com a reprovação. Segundo o relato, ele descobriu que não teria como entrar com um recurso sobre a dependência (DP) na disciplina quando procurou o conselho do campus principal da Unoeste, no interior de São Paulo, e foi informado de que havia concordado com a reprovação na reunião em Guarujá. De acordo com o advogado, o estudante negou ter aceitado a nota e pediu a ata da reunião, mas só recebeu o documento no fim do ano seguinte (2024), quando não reconheceu a assinatura. Em 2025, ainda segundo o profissional, uma perícia comprovou que a assinatura foi falsificada no termo. O advogado disse que desconfia de que a reitoria de Guarujá tenha armado a situação para impedir que o cliente recorresse da reprovação no campus do interior paulista e denunciasse as condições de internato [estágio obrigatório] oferecidas no litoral. Roberto Fakhoure, de 43 anos, foi reprovado em disciplina de faculdade de Medicina — Foto: Arquivo Pessoal Reprovação Conforme apurado pelo g1, Roberto recebeu uma nota baixa na disciplina Medicina de Família e Comunidade em 2023, com a justificativa de que havia abandonado a função durante estágio em um hospital. “Ele só estava no departamento de descanso e foi reprovado pelo abandono”, afirmou o advogado. Segundo Michael, o estudante pensou que se tratava de um mal-entendido e conversou com a coordenação, denunciando as condições do internato. “Realmente mostrou a indignação dele porque não abandonou [a função] e teve que ficar no setor de descanso em condições sub-humanas”, disse. Na reunião, Roberto afirmou que havia apresentado um atestado ao professor para justificar faltas em um período em que ficou doente, mas o documento não foi considerado. Ele foi informado de que poderia fazer uma prova de exame para recuperar a nota, ainda de acordo com o relato. Um tempo depois, o estudante foi informado que o atestado havia sido indeferido e ele estava reprovado, pois não poderia fazer o exame, segundo ele. Roberto disse ter procurado o campus do interior paulista para denunciar a ação, mas foi surpreendido com a informação de que não poderia recorrer porque havia assinado a ata de uma reunião em que concordava com a reprovação. A partir daí, ainda segundo o relato, o estudante passou a solicitar o documento com a assinatura, mas só recebeu em 2024, quando registrou o boletim de ocorrência por falsidade ideológica. Perícia técnica comprovou falsificação em assinatura de Roberto — Foto: Reprodução Consequências Apesar de garantir ter sofrido uma fraude, Roberto continuou com a dependência (DP) na disciplina e não poderá se formar neste semestre. De acordo com o advogado dele, isso causará um enorme prejuízo financeiro na vida do estudante, pois ele terá que pagar mensalidade por mais um semestre. “Juntando moradia e mensalidade, vai custar a ele quase R$ 100 mil, fora um semestre a mais como estudante que não exerce atividade remunerada”, afirmou Michael. Ao g1, Roberto contou que sempre teve o sonho de ser médico e, por isso, tratava o curso com dedicação. “Até então, eu estava fazendo a faculdade muito feliz, estava conseguindo alcançar meus objetivos, estava passando nas provas com notas boas”, disse. De acordo com ele, o atraso na formação é fruto de uma injustiça e causará prejuízos incontáveis. “Me fez muito mal pelo tempo que eu fiquei remoendo isso […]. Vou ter que dispor de tempo, dinheiro, e isso vai me fazer muito mal”, lamentou. O que diz a universidade Em nota, a Unoeste informou que as condições do internato que foram denunciadas não refletem a realidade. “O curso de Medicina do campus Guarujá possui nota máxima (5) na avaliação do MEC, reflexo do compromisso institucional com a qualidade do ensino. O internato é realizado em hospital e unidades de referência na região, e a instituição preza pelo bem-estar dos estudantes e pela excelência do atendimento à comunidade”, concluiu a instituição. VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos
Estudante de Medicina acusa faculdade de falsificar assinatura após reprovação
Estudante de Medicina acusa faculdade de falsificar assinatura após reprovação