Parceiros comerciais há mais de 100 anos, os americanos compram produtos brasileiros diariamente. Até no cinema, o copo descartável com tampa já virou um acessório inevitável. E apesar de consumir US$ 8 bilhões por ano de café, os Estados Unidos não têm como produzir o grão por causa do clima. Um terço dos grãos de café moídos nos Estados Unidos é brasileiro. Segundo os dados da Associação Americana de Café, para cada dólar gasto com importação de café do Brasil, são movimentados US$ 43 na economia americana. Quando o café brasileiro chega nos Estados Unidos, gera 2,2 milhões empregos. Peter Roberts é especializado no mercado de café artesanal. Ele explica que, nos últimos 5 anos, o preço do café no mercado internacional subiu 50 centavos por causa da crise climática, mas para o público americano, nas lojas, o café subiu quase 5 dólares. “Tarifas são a justificativa perfeita” — quer dizer, o preço do café vai inflacionar rapidamente. Depois que uma praga afetou a produção de laranja na Flórida nos últimos anos, 78% do suco consumido vêm do Brasil. Segundo os importadores, para cada ponto percentual de aumento de preço, caem 2 pontos percentuais de consumo — o que vai afetar diretamente as receitas das empresas americanas. Importadores e analistas afirmam que o preço da comida mais americana de todas, o hambúrguer, também vai ficar mais salgado. Os hambúrgueres americanos não são inteiramente americanos: são uma mistura com carne moída importada, principalmente do Brasil. Há anos, o rebanho americano está ficando menor. Por isso, os Estados Unidos aumentaram as importações de carne brasileira em mais de 50% entre 2023 e 2024. E a carne brasileira já estava sujeita a tarifas pesadas, de 36%, desde a década de 1990. Por enquanto, o americano ainda não sentiu o tarifaço de Donald Trump no bolso. O professor de economia Michael Coon disse ao Jornal Nacional que os produtos ainda não ficaram mais caros porque as marcas se anteciparam e estocaram produtos. Mas, à medida em que esses produtos chegarem aos Estados Unidos e o custo para estocá-los for computado, as etiquetas vão ser atualizadas para cima. Além disso, ele explica que, na economia, os números de inflação, desemprego e PIB demoram de um a dois trimestres para aparecerem com clareza porque demora para coletar todos os dados. Portanto, os primeiros impactos do tarifaço só serão vistos daqui seis a nove meses.
Americanos devem sentir no bolso efeito de tarifas anunciadas por Trump a produtos brasileiros
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