Ao menos dois casos foram registrados em Juiz de Fora nos últimos dias. Em um deles, uma pessoa, que se passou como hematologista e diretor clínico do Hospital Monte Sinai, pediu R$ 7 mil à família de uma paciente que ficou na UTI por 10 dias. “Ele falou que minha mãe tinha desenvolvido uma célula cancerígena na medula óssea e essa célula tava causando uma leucemia e, por isso, precisaria fazer um exame particular, que o plano não cobria. E que esse exame precisaria ser feito naquele dia porque ela tava correndo risco de vida”, explicou o filho dela, que pediu para não ser identificado. O contato foi feito por mensagem de WhatsApp e ligações telefônicas, e ele se mostrou impressionado com a quantidade de informações pessoais que o golpista teve acesso. “Ele falou todos os meus dados particulares meu e da minha mãe, todo o corpo clínico do hospital, falando o nome de todos os médicos e todas as características da minha mãe. Até mesmo que ela tinha dois stents no coração”. Durante quase uma tarde inteira, a família tentou conseguir a quantia de 7 mil para que o exame fosse feito. Golpista se passou como funcionário do Hospital Monte Sinai e pediu PIX de R$ 7 mil — Foto: Kempton Vianna/Divulgação Monte Sinai “Não é um valor muito simples para gente conseguir tão rápido. Fizemos vários contatos com amigos e familiares e iríamos conseguir, pois se trata de vida”, explicou ele, que acabou descobrindo o golpe depois que a irmã foi até o hospital e soube que o suposto médico não trabalhava lá. Em nota, o Hospital Monte Sinai disse que as tentativas de golpes contra familiares e pacientes em hospitais são cíclicas, ocorrem em todo o país e que não foi possível ainda entender como funcionam. Ainda conforme a unidade de saúde, os pacientes são alertados preventivamente e que quaisquer pagamentos de serviços só podem ser realizados nas dependências do hospital com a devida emissão de nota fiscal e em local específico, no check-out. Mensagem recebida pelo filho de uma paciente que estava internada no Hospital Monte Sinai — Foto: g1 Modus operandi parecido no HMTJ Situação parecida também foi aconteceu no Hospital Maternidade Therezinha de Jesus, depois que a acompanhante de um idoso recebeu uma ligação de que o quadro dele tinha se agravado e seria necessário um exame urgente, no valor de R$ 4.800. “Eu tava na minha casa, meu esposo atendeu o telefone e disse que o doutor queria falar comigo. Ele disse que o paciente tinha dado uma piora, fizeram um exame de Covid-19, que deu negativo, e que ele tava com leucemia crônica e precisava fazer um procedimento na medula óssea”, disse ela. Procurada, a Polícia Civil informou que não havia localizado as ocorrências referentes a esses casos. A orientação é de que as famílias façam registro policial para que as situações possam ser investigadas. Hospital Maternidade Therezinha de Jesus, em Juiz de Fora — Foto: HMTJ/Divulgação A família desconfiou e, em conversa com funcionários do hospital, foi descoberto que o suposto médico era, na verdade, um golpista. “Eles devem ter notado que eu vi que era golpe e tiraram a foto de um médico que estavam usando no perfil e falou que tava indo para a cirurgia urgente. Eu dei uma de boa e disse que tava preocupada e queria fazer o PIX, mas eles pararam de falar comigo”. A assessoria da Maternidade informou que os golpes veem acontecendo em hospitais privados ou públicos. “O HMTJ é 100% SUS e reforça que nenhum valor é solicitado aos pacientes para complementar tratamentos, nenhum profissional de saúde está autorizado a fazer isso nas suas dependências ou em nome do hospital”, disse em nota. Ainda conforme a Maternidade, o paciente deve sempre alertar quando for abordado, e a ouvidoria e o Serviço Social estão à disposição para ajudar e orientar os clientes. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes
Golpe do falso médico em Juiz de Fora tem vazamento de dados e ligações pedindo PIX para cirurgias de urgência; entenda
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