Rafael Gomes, ex-delegado da Delegacia de Narcóticos de Juiz de Fora, ficou conhecido por gravar vídeos em que detalhava operações policiais de combate ao tráfico de drogas. Com o bordão “a cana é certa”, ele aparecia à frente das ações e defendia, em entrevistas à imprensa, o combate à criminalidade na Zona da Mata mineira. Veja no vídeo acima. Em nota, a defesa, por meio do advogado Gustavo Badaró, disse que recebeu a decisão com surpresa e inconformismo, reafirmou que o delegado é inocente e afirmou que vai recorrer. Tentativa de entrada na política Delegado Rafael Gomes, foto de arquivo — Foto: Redes Sociais/Reprodução Nascido em Ubá, cidade da Zona da Mata mineira, o delegado participou das Eleições 2022 como candidato a deputado estadual. Ele teve pouco mais de 8.400 votos e ficou como suplente do partido Avante. Em 2018, Rafael também se candidatou para o mesmo cargo e recebeu mais de 20 mil votos, mas não se elegeu. Como o delegado participava do esquema? Segundo a denúncia do MPMG, o grupo atuou entre 2018 e 2022 e era dividido em quatro núcleos: corrupção policial e jurídico, logística, operacional e liderança financeira. O grupo, com cerca de 30 integrantes, incluía policiais da Delegacia Antidrogas, advogados e um traficante apontado como chefe da organização. logística, que envolveu o fornecimento de veículos para o transporte e pagamentos de cargas de drogas;setor financeiro, que cuidou da parte gerencial da atividade econômica, notadamente do tráfico de drogas e da lavagem de dinheiro;setor de corrupção, responsável por proteção dos negócios ilícitos com informações privilegiadas de atividades policiais e demais condutas para evitar a responsabilização de integrantes da organização;núcleo de liderança, que coordena e controla as atividades. Conforme a sentença à qual a reportagem teve acesso, o traficante ofereceu R$ 30 mil de entrada e R$ 15 mil mensais ao delegado Rafael Gomes e a investigadores da Polícia Civil. O objetivo era garantir que os agentes não investigassem ou interferissem nas atividades da organização criminosa. Em um dos casos, após a apreensão de 17 barras de cocaína, os policiais negociaram com o chefe do grupo criminoso a substituição da droga por 19 barras de crack e uma de cocaína de menor qualidade, além de exigirem R$ 500 mil em propina. A troca foi confirmada por laudos periciais e imagens. Em outro episódio, o delegado Rafael Gomes teria solicitado propina para não indiciar um membro da organização, enquanto um dos policiais civis recebeu R$ 12 mil diretamente do traficante para se omitir diante de uma situação ilícita. Delegado Rafael Gomes, foto de arquivo — Foto: Polícia Civil/Divulgação Relembre a operação O delegado foi preso pela primeira vez em 20 de outubro de 2022, em um condomínio de luxo de Juiz de Fora. Ele chegou a ser solto, mas retornou ao sistema prisional em algumas ocasiões. A última liberdade concedida ocorreu em agosto de 2024, e ele permanece solto desde então. Em Juiz de Fora, houve mandados nos bairros Ipiranga, Náutico, Previdenciários, Santa Efigênia, Costa Carvalho, Jóquei Clube, Democrata, Bairu, Progresso, Vale Verde, Fontesville, Parque das Águas, Jardim Gaúcho, Centenário, Bairro de Lourdes, Bairro Industrial, Bandeirantes, Linhares, Santos Dumont, São Mateus, Alphaville, Marilândia, Cascatinha, Recanto dos Lagos, Bom Pastor, Benfica e Furtado de Menezes. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes
Delegado condenado a 50 anos por integrar organização de tráfico de drogas gravava vídeos de combate a entorpecentes
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