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Pesquisadores identificam alta concentração de terras raras no interior de Roraima e estudam existência de jazida

por admin
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Terras raras (ETRs) são minerais que compõem um grupo de 17 elementos químicos, encontrados na natureza, normalmente misturados a outros minérios nas rochas ou no solo e com alto valor comercial (veja detalhadamente mais abaixo). O Complexo Mineral Barreira fica na zona Rural de Caracaraí, distante cerca de 140 km da capital Boa Vista. A área de 36 hectares — aproximadamente 50 campos de futebol — é de propriedade do advogado Gustavo Hugo de Andrade, de 34 anos, e o empresário Lucergio Barreira Abreu da Silva, de 46. A pesquisa é conduzida por três professores da UFRR: Vladimir de Souza, doutor em bioestratigrafia, Carlos Eduardo Lucas Vieira, doutor em geociências, e Lorena Malta Feitosa, doutoranda e mestre em geofísica. Eles começaram a estudar a área a convite dos proprietários, há cerca de um mês, em agosto. O estudo está na fase de caracterização mineralógica, processo que identifica a quantidade de minerais presentes em uma amostra. Segundo os pesquisadores, análises do solo apresentaram resultados fora do comum, com alta concentração de elementos terras raras, além de outros elementos críticos, essenciais para setores estratégicos, como tecnologia e transição energética. O pesquisador Vladimir de Souza explica que a ocorrência de terras raras em Roraima é comum, mas algumas áreas apresentam mais elementos e minerais do que outras, como é o caso da propriedade em Caracaraí. “Tem a ocorrência e os valores desta ocorrência estão bem acima do normal encontrado. Então, você encontra [elementos com teores] 100 vezes acima do que é normal. Já é um bom indicativo, porque as outras ocorrências que a gente encontra são pequenas, com um elemento muito alto. Essa área tem vários elementos com altíssima concentração”, explicou Vladimir ao g1. Pesquisadores da UFRR estudam existência de jazida de terras raras em Roraima. — Foto: Yara Ramalho/g1 RR Entre os elementos identificados na região, o ítrio — metal que é usado na produção de diversos eletrônicos — apresentou concentração de 296 partes por milhão (ppm), considerado acima do normal pelos pesquisadores quando comparado ao encontrado no solo de outros lugares. “Nossa grande questão agora é descobrir se esses teores se mantém ao longo do corpo e que tamanho tem esse corpo, porque daí a gente vai poder dizer o quanto que existe de um determinado depósito”, explicou o pesquisador Carlos Eduardo. Para confirmar a existência de uma jazida mineral, os pesquisadores seguem várias etapas. O trabalho começa pelo mapeamento de superfície, quando os geólogos vão a campo, coletam amostras e analisam sua composição química. 💎 Entenda: Jazida é uma área geológica que contém um depósito natural de elementos minerais ou fósseis com valor econômico. Em seguida, são aplicadas técnicas de geofísica. Depois, realizadas perfurações, sondagens, trincheiras e poços. Após isso, é feita a cubagem, que determina o tamanho e a quantidade do corpo mineralizado. Caso tenha um valor econômico, a área é oficialmente considerada uma jazida. “Aí deixa de ser uma ocorrência para ser uma jazida, um depósito […] Para confirmar uma jazida são necessárias várias pesquisas geológicas, iniciadas pelo mapeamento de superfície, que os geólogos vão lá bater martelo, como a gente fala, e fazer coleta para a química. Depois, se utiliza a geofísica e por fim se faz furos, sondagens, trincheiras, poços e por aí vai. Se tiver um um valor econômico, ele é considerado como uma jazida”, explicou Lorena Feitosa. O estudo busca mapear a ocorrência e identificar a viabilidade de extração. A iniciativa ainda não tem vínculo oficial com a UFRR, mas o termo de acordo de cooperação deve ser firmado, segundo os pesquisadores. Carlos Eduardo Lucas, Lorena Malta e Vladimir de Souz, pesquisadores do Departamento de Geologia da UFRR. — Foto: Yara Ramalho/g1 RR Material brilhoso despertou interesse ✨ O solo do Complexo Mineral Barreira começou a ser estudado em junho de 2025 em Caracaraí, com pesquisas privadas e a análises laboratoriais. O terreno tem um solo brilhoso, que despertou o interesse dos proprietários. “Nossa área aflora um material brilhoso na superfície, uma argila com mica brilhosa. Em razão disso, iniciamos as análises geoquímicas e todas apontaram para essas terras raras e outros minérios estratégicos. O afloramento desse material em toda a superfície motivou as pesquisas, até por uma eventual viabilidade econômica de extração”, explicou Gustavo ao g1. Amostra de rocha com terras raras encontrada em Caracaraí (RR). — Foto: Yara Ramalho/g1 RR A área já passou por processo de licenciamento de pesquisa privada, com a autorização do Conselho de Defesa Nacional e alvará de pesquisa emitido em junho de 2025 pela Agência Nacional de Mineração (ANM). “Fechamos vários quadrantes com perfurações, todas com amostras recolhidas e testadas, corroborando [os resultados]. Estamos concluindo o relatório com a geofísica e o próximo passo é a cubagem, onde quantificaremos o potencial completo dessa área de 36 hectares, autorizada para pesquisa”, afirmou. O objetivo dos proprietários é conseguir licenças ambientais para a área de mineração na Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (Femarh) e na ANM para iniciar operações, “gerar empregos e avançar para a exploração e comercialização” na região. Na prática, as investigações privadas já realizaram a abertura de 13 pontos de perfuração, distribuídos em áreas de afloramento do material. As trincheiras, variam de um metro de largura por até três metros de comprimento, com profundidades que vão de 50 cm a três metros. Em locais onde o minério se mostrou mais profundo, as escavações chegaram a sete metros. O que são terras raras? Terras raras: o que são, onde estão e por que os EUA se importam com elas 🔎 As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos encontrados na natureza, geralmente misturados a outros minérios e de difícil extração. São eles: lantânio, cério, praseodímio, neodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hálmio, érbio, escânio, túlio, itérbio, lutécio e ítrio. Apesar do nome, elas não são necessariamente raras — mas difíceis de isolar em alta pureza, o que torna o processo caro e complexo. O desafio é encontrar depósitos (jazidas) onde a extração seja economicamente viável. Esses minérios são indispensáveis para a produção de turbinas eólicas, motores de carros elétricos, cabos de transmissão de energia, foguetes, equipamentos médicos e dispositivos eletrônicos de última geração. As terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos essenciais para o funcionamento de diversos produtos modernos — Foto: Arte/g1 Os elementos também são fundamentais para a indústria de defesa, presentes em aviões de caça, submarinos e equipamentos com telêmetro a laser. Também é por essa relevância estratégica que o valor comercial é elevado. O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras do mundo, atrás apenas da China. São 21 milhões de toneladas, o equivalente a 23% do total global, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME). Um levantamento do Serviço Geológico do Brasil (SGB) apontou que 12 estados brasileiros apresentam potencial para a presença de terras raras no solo, incluindo Roraima. São áreas em que há estudos para detectar se, de fato, há presença desses minerais ou regiões em que já foram confirmados depósitos desses elementos químicos, como é o caso de Goiás e Minas Gerais.

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