Candidatos relatam irregularidades em prova para concurso do Tribunal de Justiça do Paraná

Candidatos relatam irregularidades em prova para concurso do Tribunal de Justiça do Paraná

O g1 teve acesso a uma representação registrada no Ministério Público (MP-PR) na qual um candidato que fez a prova em Curitiba relata: ausência de detector de metais na entrada e saída da sala;relatos de uso de celulares por candidatos dentro das salas.presença de candidatos com garrafas de água com rótulo e embalagens irregulares, além de uso de lápis e caneta em material não transparente;algumas salas com um único fiscal;fiscais despreparados, gerando confusão e atraso no início da prova; O registro acompanha uma foto, encaminhada em um grupo de WhatsApp por um dos candidatos, supostamente tirada dentro de uma das salas de aplicação da prova. Há também outra imagem que mostra um quadro verde com as orientações sobre o horário da prova. O edital prevê a eliminação de candidatos que fizessem “qualquer tipo de registro fotográfico, seja por quaisquer meios, após a entrada na sala de prova”. Fotos supostamente tiradas dentro de salas de aplicação da prova do concurso — Foto: Reprodução O órgão encaminhou o caso para a 4ª Promotoria de Justiça de Proteção ao Patrimônio Público de Curitiba e afirmou que, a partir do recebimento da representação, vai apurar o caso. O Tribunal de Justiça do Paraná informou que a realização do concurso é de responsabilidade da empresa do Instituto AOCP. Disse que está acompanhando as reclamações registradas e, caso sejam comprovadas irregularidades, tomará as medidas cabíveis. O Instituto AOCP afirmou, por meio de nota, que “cumpriu rigorosamente todos os preceitos legais e de segurança para a aplicação da prova objetiva”. Disse ainda que a equipe aplicadora recebeu treinamento adequado e que as regras de segurança foram rigorosamente aplicadas, incluindo o uso de detectores de metais. Leia a nota na íntegra abaixo. Problemas em outros pontos de aplicação O g1 ouviu outros seis candidatos, que realizaram a prova em cinco lugares diferentes, em Maringá e também na capital paranaense. Eles optaram por não serem identificados. Todos descreveram situações semelhantes às da denúncia recebida pelo MP, além de também afirmar que notaram candidatos usando relógios inteligentes com acesso à internet, candidatos conversando entre si durante idas ao banheiro, atraso para o início da prova e omissão dos fiscais de prova. Também é possível encontrar relatos similares nas redes sociais do TJPR. Em um dos comentários, um candidato afirma que tentou registrar as ocorrências em ata, mas foi informado de que ela não existia. Comentários deixados por candidatos na página do Tribunal de Justiça do Paraná — Foto: Reprodução/Instagram Além do Ministério Público, candidatos que se sentiram prejudicados registraram reclamações na ouvidoria do Tribunal de Justiça e no Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR). Segundo o TCE, foram recebidas quatro denúncias referentes ao concurso. O órgão informou que algumas delas foram encerradas por falta de materialidade. As denúncias relatam uso de aparelho celular e relógios por candidatos durante a prova e questionam a forma de realização e a falta de informações por parte dos aplicadores das provas. O TCE diz ainda que as denúncias estão sendo analisadas pela Terceira Inspetoria de Controle Externo, a quem cabe fiscalizar o Tribunal de Justiça. Ainda não há uma definição sobre o procedimento a ser adotado. O que prevê o edital? O edital do concurso indica que era proibido o uso de dispositivos eletrônicos em todos os locais onde a prova seria aplicada. A única exceção prevista seria no momento de identificação, caso o candidato apresentasse documento digital no momento do ingresso na sala de provas. O documento recomenda ainda que os candidatos deveriam retirar a bateria dos celulares antes do acondicionamento dele em envelopes lacrados. Conforme o edital, se identificado que o envelope foi aberto ou violado, o candidato estava passível de eliminação. O documento indica ainda que o candidato poderia se alimentar e beber água durante a realização da prova, desde que os alimentos estivessem em recipientes transparentes e sem rótulos. As regras preveem também a eliminação de qualquer candidato que utilizasse equipamentos eletrônicos, mesmo que desligados, como calculadoras, telefone celular, tablets, smartwatches, notebook, entre outros. Bolsas e bonés também eram proibidos. O edital prevê a eliminação de candidatos flagrados em comunicação com outros candidatos. Vereadora pede informações sobre o caso A vereadora de Curitiba Camilla Gonda (PSB) registrou um requerimento solicitando que a AOCP informe: o motivo da ausência de detecção de celulares e relógios digitais na entrada do local de prova;como a instituição comprava o cumprimento do edital diante da inexistência de atas para registro das ocorrências;quantos fiscais foram designados por sala e quantos efetivamente compareceram em cada local de prova em Curitiba;quantos candidatos foram eliminados por uso de objetos proibidos e se há registros formais de tais eliminações. A vereadora encaminhou solicitações de informação ao TJPR e ao MP. Conforme os pedidos, “as denúncias relatadas em redes sociais e encaminhadas a órgãos de controle apontam falhas graves de fiscalização, que podem comprometer a isonomia entre candidatos”. Método e foco em áreas específicas: veja dicas de professor para quem quer ser concurseiro O que diz o Instituto AOCP? O Instituto AOCP, organizadora contratada para a realização do Concurso Público do TJPR, com 15 anos de experiência em todo o país, cumpriu rigorosamente todos os preceitos legais e de segurança para a aplicação da prova objetiva, realizada no dia 24 de agosto. O exame foi aplicado simultaneamente em 10 cidades do estado do Paraná, atendendo a um total de 108.215 candidatos inscritos. Trata-se de um concurso de grande porte, que contou com uma equipe composta por mais de oito mil pessoas diretamente envolvidas na aplicação, incluindo 5.500 fiscais de sala. Toda a equipe recebeu treinamento adequado, com suporte de material impresso, para assegurar o cumprimento do cronograma de atividades durante a realização do certame. As regras de segurança foram rigorosamente aplicadas, incluindo o uso de detectores de metais. Em razão disso, alguns candidatos foram eliminados, sendo informados sobre a desclassificação no momento da ocorrência. A divulgação da quantidade de eliminações cabe apenas ao órgão contratante. Aos candidatos, caberá prazo recursal, em momento oportuno, conforme cronograma de execução do certame. Por fim, todos os candidatos foram atendidos em locais adequados para a realização da prova, com a entrega de folhas de respostas e cadernos de questões devidamente lacrados, garantindo o sigilo e a integridade do processo. Todas as condições necessárias foram asseguradas para garantir a avaliação justa de todos os participantes. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná

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