Os últimos momentos do técnico de enfermagem de Governador Valadares, Bruno de Paula Carvalho Fernandes, morto em combate na Ucrânia na última segunda-feira (1º), foram narrados em detalhes pelo único sobrevivente da emboscada, o também brasileiro Victor Amorim, de 24 anos. Em um relato exclusivo ao g1, Victor contou que tentou salvar o amigo e permaneceu ao seu lado “até o último momento da vida dele”. Bruno, de 29 anos, estava em uma equipe com Victor e outros dois soldados ucranianos quando foram surpreendidos por um ataque. “Começaram muitos bombardeios de morteiros e drones kamikaze na nossa posição, foi uma emboscada”, relatou Victor. Segundo o sobrevivente, Bruno foi gravemente ferido. “Os ferimentos dele foi um primeiro um tiro de raspão na cabeça e um tiro na perna”, contou Victor. Mesmo ferido, ele tentou prestar os primeiros socorros. “Eu corri, coloquei bandagem nele e pra tentar parar [o sangramento]. Coloquei bandagem no ferimento dele e fiquei conversando com ele para ele não perder a consciência”. Victor aplicou um torniquete na perna de Bruno, mas o ferimento na cabeça era muito grave. “Na cabeça era muito complicado pra parar o sangramento, ele tinha que realmente ter um atendimento médico”, explicou. Ele disse ter visto o amigo começar a “perder a consciência, falar coisa com coisa” antes de morrer. A esposa de Bruno, Cecília Fernandes, já havia sido informada que o marido foi atingido na cabeça e nas pernas, e morreu de hemorragia. Retorno ao combate mesmo ferido Bruno de Paula Carvalho Fernandes, de 29 anos, era de Barra de São Francisco, Espírito Santo, e morreu na guerra da Ucrânia — Foto: Reprodução/Redes sociais Semanas antes de morrer, Bruno já havia sido gravemente ferido em combate e ficado internado em uma UTI. Victor confirma que o amigo retornou à linha de frente sem estar 100% recuperado. Ele conta que Bruno sentia dores, mas quis participar da missão mesmo assim. “Eu disse a ele que se ele não estivesse seguro não era pra ele ir…”, lamentou Victor. Cecília acredita que o marido estava sendo obrigado a voltar para a guerra. ‘Não é uma despedida’ Bruno frequentemente fazia chamada de vídeo com a esposa e os filhos — Foto: Arquivo pessoal “Não é uma despedida. Jamais. É só uma mensagem de que daqui uns dias estarei de volta. Deus é conosco”, disse ele na mensagem. Família de brasileiro morto na guerra da Ucrânia ainda não sabe como será o traslado Vídeos do Leste e Nordeste de Minas Gerais