Jovem surda dá à luz com apoio de intérprete de Libras: ‘Senti mais segura para falar meus sentimentos’

Jovem surda dá à luz com apoio de intérprete de Libras: ‘Senti mais segura para falar meus sentimentos’

O parto de Amanda Vitória da Silva Felipe, de 26 anos, moradora de Cataguases, na Zona da Mata mineira, é um exemplo emocionante de empatia, inclusão e respeito. Surda de nascença, a jovem contou com o apoio de uma intérprete de Libras durante todas as etapas do nascimento do primeiro filho, Nathan, no último mês de agosto, o que garantiu plena compreensão e participação em todo o processo. Lembrado nesta sexta-feira (26), o Dia Nacional do Surdo reforça a importância da conscientização e da acessibilidade. E foi exatamente isso que aconteceu: preocupada, a mãe de Amanda entrou em contato com Hilmara Miranda Gomes, intérprete de Libras e amiga da família, para ajudar a filha durante o parto, após ela ter a bolsa rompida. A profissional, que estava no Centro da cidade, não hesitou e foi até o Hospital de Cataguases. Durante cerca de 15 horas, tempo que durou o trabalho de parto, ela esteve ao lado da gestante e auxiliou na mediação linguística entre Amanda e a equipe médica e de enfermagem. “Eu, muitas vezes, tive que explicar como fazer força, porque ela não sabia. A médica explicava, e eu traduzia e interpretava para ela, que então tentava,” relembra Hilmara. Na noite de 8 de agosto, a jovem foi acompanhada com atenção e sensibilidade. Ao atingir 7 cm de dilatação, já no dia seguinte, 9, ela sinalizou que não tinha mais forças para continuar. Foi então que a médica explicou, com a ajuda da intérprete, que a cesariana seria o caminho mais seguro naquele momento. Amanda entendeu e consentiu com clareza, por meio da linguagem de sinais. “Me senti mais segura para me comunicar e falar sobre os meus sentimentos naquele momento, porque foram 15 horas tentando o parto natural, com muitas, muitas contrações. Também pude falar da minha fraqueza, quando não aguentava mais a dor de fazer força durante o parto e achava que ia desmaiar”, contou Amanda ao g1 com ajuda da intérprete de Libras. ‘Emoção’ Ao ver o filho pela primeira vez, o recém-pai Gustavo Felipe não conteve as lágrimas. Em um gesto simbólico e cheio de significado, os profissionais de saúde aprenderam a sinalizar a palavra “Parabéns” em Libras para celebrar com Amanda essa nova vida de forma verdadeiramente inclusiva. Veja na foto abaixo: Equipe do Hospital de Cataguases auxiliou na inclusão durante o parto — Foto: Hilmara Miranda Gomes/Arquivo Pessoal Hilmara permaneceu com Amanda até o fim da cirurgia e explicou cada etapa, desde a administração da anestesia até os cuidados pós-operatórios. No domingo, dia 11, voltou ao hospital para ajudar na orientação sobre a amamentação. “Minha prioridade sempre foi garantir que ela tivesse os mesmos direitos e a mesma experiência segura que qualquer mulher, independentemente do horário ou da situação”, contou Hilmara, que conheceu Amanda em 2023 durante um evento para a comunidade surda na Igreja Metodista Wesleyana, onde atua como intérprete voluntária. A história do nascimento de Nathan vai muito além do simples registro de um parto. Representa o poder da empatia, da inclusão e o cumprimento de um direito básico: ser ouvido ou, neste caso, compreendido na própria língua. Nascimento de Nathan vai muito além do simples registro de um parto — Foto: Hilmara Miranda Gomes/Arquivo Pessoal ASSISTA TAMBÉM: Dia Nacional do Surdo alerta sobre lutas para uma sociedade mais inclusiva em Juiz de Fora Dia Nacional do Surdo alerta sobre lutas para uma sociedade mais inclusiva em Juiz de Fora *estagiária sob supervisão de Carol Delgado. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes

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