A jornada, com início previsto para o começo de novembro, deve ocorrer em um motorhome adaptado e pode durar cerca de 50 dias, com trajeto por 11 países até o destino final, em Juiz de Fora (MG). Ao todo, são mais de 6.800 km desde Orlando, onde a família mora atualmente, com passagem por México, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Equador e Peru, e entrada no Brasil prevista pelo Acre. Fabíola sofreu um mal súbito em setembro de 2024, em casa, e teve três paradas cardíacas e uma perfuração pulmonar durante a reanimação. A falta de oxigênio no cérebro causou danos severos. Apesar de reagir a estímulos e se movimentar, ela permanece em estado vegetativo e requer cuidados integrais. “A única saída viável hoje é essa. Nossa esperança está em voltar para Juiz de Fora e contar com o apoio da família e do SUS. Estamos esgotados emocional e financeiramente. Não dá mais para esperar”, desabafou Ubiratan Rodrigues. Ubiratan também elaborou um plano de viagem que evita áreas de risco, como as regiões desérticas dos Estados Unidos, que abrangem os estados de Novo México, Califórnia e Arizona, e dá prioridade a locais com infraestrutura hospitalar e postos de apoio. “Desviar do deserto aumenta o trajeto em até 30%, mas é necessário. Também incluo locais com hospitais, postos de polícia e pontos de apoio”, disse. Infográfico – Mulher em estado vegetativo deve voltar ao Brasil — Foto: Arte/g1 Opção à UTI aérea Desde o mal súbito de Fabíola, Ubiratan largou o trabalho como caminhoneiro para se dedicar ao cuidado da esposa e dos três filhos, de 5, 14 e 17 anos. O isolamento nos EUA e a rotina intensa têm exigido muito da família, o que o levou a buscar alternativas para voltar ao Brasil, continuar o tratamento pelo SUS e contar com uma rede de apoio. O transporte aéreo de Fabíola exigiria uma UTI com suporte médico especializado, com valores que podem variar de 50 mil a 200 mil dólares — mais de R$ 1 milhão. Por isso, ele optou por investir na compra de um motorhome adaptado, estimado em cerca de R$ 200 mil, ou cerca de 40 mil dólares. “A adaptação é simples. Com o carro certo, fixo a cama no piso e prendo os equipamentos. O mais importante é ter estabilidade e espaço para ela viajar deitada, com o tronco inclinado”, explicou. O veículo ainda não foi adquirido, mas Ubiratan espera concluir a compra até o final de outubro. O motorhome terá cama fixa, suporte para traqueostomia, oxigênio e equipamentos médicos para garantir a segurança de Fabíola durante o trajeto. Regras e requisitos para a viagem Fabíola da Costa teve um mal súbito nos EUA — Foto: Ubiratan Rodrigues/Arquivo Pessoal O g1 entrou em contato com o Public Affairs Office of U.S. Customs and Border Protection (Escritório de Assuntos Públicos da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA) para esclarecer as exigências legais de uma viagem internacional por terra com um paciente em estado vegetativo, crianças e equipamentos médicos. Em nota, o órgão informou que, geralmente, a prática é permitida, mas os viajantes devem cumprir as regulamentações e os procedimentos da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, assim como os requisitos de entrada do país de destino. É necessário, por exemplo, apresentar a documentação do veículo e dos viajantes, além de entrar em contato com o setor responsável para obter orientações sobre outras informações e eventuais documentos adicionais. O motorhome precisa estar equipado com todos os suprimentos essenciais para a viagem, como comida, água e equipamentos médicos, quando for o caso. *sob supervisão da editora Carol Delgado. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes