Bual foi preso no dia 3 de outubro durante a Operação Face Oculta, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), suspeito de envolvimento em esquema de rachadinha, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. A Rede Amazônica tenta, desde a prisão, obter um posicionamento da Mesa Diretora sobre o caso, sem sucesso. Em nota, a CMM informou que só vai se pronunciar após a decisão da Justiça. O Comitê Amazonas de Combate à Corrupção criticou a falta de ação da Mesa Diretora. Para o membro Inácio Guedes, o regimento exige que a presidência convoque a mesa para apurar a denúncia. “O rito é tomar conhecimento da denúncia, na primeira sessão plenária chamar, convocar a mesa diretora e fazer apuração. É assim, mas não, como tem a presidência que pode e deve convocar a mesa diretora, ele não o faz e isso é muito grave”, afirmou. Inácio Guedes também reforçou que foi dado um prazo razoável de 15 dias para que os questionamentos sejam respondidos. Caso contrário, o comitê vai entrar com uma ação civil pública para questionar o presidente da Câmara, David Reis (Avante-AM). O presidente da Comissão de Ética da Câmara, Joelson Silva (Avante), disse que aguarda decisão da Mesa Diretora para avançar com a denúncia. “A sociedade tem pressionado bastante. A comissão está preocupada, mas ainda não foi acionada”, declarou. Três dias após a prisão, David Reis se manifestou durante a sessão do dia 6 de outubro. “A presidência irá tomar todas as medidas regimentais dentro daquilo que nós formos exigidos, portanto precisamos respeitar todo o curso processual existente na legislação brasileira”. A fala gerou reações entre os vereadores. Rodrigo Guedes (PP-AM) cobrou agilidade e disse que o caso pode cair no esquecimento. “É um absurdo o que está acontecendo aqui na Câmara. Claramente uma ação para empurrar com a barriga pra deixar cair no esquecimento. A Câmara está descumprindo a lei orgânica do município”. Já Eduardo Alfaia (Avante-AM) pediu cautela para evitar pré-julgamentos. “A gente precisa ter muita cautela sobretudo para não incidir em um pré-julgamento. É um tema delicado, mas não podemos agir de forma precipitada por conta de diversos princípios, inclusive constitucionais” Na segunda-feira (20), David Reis registrou presença no painel da Câmara, mas não presidiu a sessão. Ele também não respondeu ao pedido de entrevista da Rede Amazônica. Prisão Vereador Bual sendo conduzido pelos policiais — Foto: Divulgação Rosinaldo Bual e a chefe de gabinete dele foram presos durante operação Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Amazonas (MPAM). Foram cumpridos mais de dezessete mandados de busca e apreensão e dois de prisão. Durante a ação, os agentes encontraram três cofres. No interior de um deles, foram encontrados R$ 390 mil em espécie, dois cheques que superavam R$ 500 mil e diversos documentos, entre os quais passaportes. A investigação indicou que os valores retidos também eram usados em um esquema de agiotagem. De acordo com as investigações, mais de 100 pessoas trabalharam no gabinete do vereador desde o início do mandato este ano. Os funcionários recebiam um alto valor de salário na folha de pagamento, mas pessoas ligadas ao vereador intimidavam os trabalhadores para que metade do valor fosse transferido a Bual por dinheiro em espécie ou Pix. A Justiça, que já decidiu pelo afastamento do investigado das funções parlamentares por 120 dias, também determinou a quebra de sigilos bancários e telemáticos, bem como o bloqueio judicial de R$ 2,5 milhões, com o objetivo de assegurar o ressarcimento aos cofres públicos. Entenda como funcionava o esquema de rachadinha em gabinete de vereador preso em Manaus