O canabidiol é um produto químico não psicoativo extraído da planta cannabis sativa. Os medicamentos que utilizam o produto como princípio ativo tratam doenças neurodegenerativas e psiquiátricas, agindo nos receptores. O Miguel, de 6 anos, faz uma série de tratamentos para o autismo. Além das brincadeiras, ele usa o medicamento à base de canabidiol há 6 meses. A mãe dele comemora os resultados. “A gente percebeu que ele está mais tranquilo, também ele está mais concentrado nas atividades, nas terapias que ele sempre faz, então a gente tem visto que tem tido bons resultados, sim”, contou a servidora pública Pauline Freira Pimenta. Laboratório da Ufla recebe certificação para projetos in vitro de cannabis medicinal geneticamente modificada — Foto: Reprodução EPTV No Brasil, 18 produtos diferentes são regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, e comercializados em farmácias. Este que o Miguel usa custa cerca de R$ 600 e o diagnóstico correto possibilitou a indicação do produto. “Não é para todo tipo de paciente. Normalmente a gente usa para casos mais graves. E normalmente ele pode ser utilizado como adjuvante, ou seja, junto com outras medicações. Então é uma medicação que tem contribuído muito para melhorar o prognóstico tanto do ponto de vista de melhora de crise, quanto também de melhora de comportamento agressivo nas populações com autismo”, explicou o neuropediatra Natanael Mota. E fica em Lavras, no Sul de Minas, o único laboratório do país com certificação para projetos em vitro de canabis medicinal geneticamente modificada. Isso significa mais pesquisas e avanços nesta área para todo o Brasil. “A autorização da Anvisa veio em 2023 e agora esse ano nós recebemos o CQB, o CQB é o Certificado de Qualidade e Biossegurança que nos permite fazer outras manipulações, fazer melhorias na planta para a produção do composto. Então, é um grande avanço, é difícil conseguir essa autorização e é difícil conseguir as duas autorizações ao mesmo tempo. Isso que nós temos de diferencial”, disse a coordenadora do laboratório, Vanessa Stein. O laboratório contribui para a padronização da produção, o que garante qualidade e segurança aos medicamentos derivados da cannabis. Este é um passo importante da medicina, que vai trazer não só o acesso aos tratamentos, mas também a informação. Laboratório da Ufla recebe certificação para projetos in vitro de cannabis medicinal geneticamente modificada — Foto: Reprodução EPTV “É um grande avanço, é um grande marco. O Brasil ainda tem muita dificuldade em fazer pesquisas mais aprofundadas, principalmente sobre a planta, devido à sua ilegalidade de cultivo. E nós temos a possibilidade de fazer agora pesquisas bem aprofundadas, que podem levar a modificar as substâncias que chegam para a população”, disse a coordenadora Vanessa Stein. “Quanto mais pesquisa pudermos fazer sobre o cannabidiol e quanto mais pudermos desenvolver, não só sobre o cannabidiol, mas outros canabinoides, outros subprodutos disso, nós poderemos ter muito mais produtos para ser ofertados para a população”, completou o neuropediatra Natanael Mota. Este tipo de pesquisa só pode ser feita em um laboratório que segue rigorosamente as regras de biossegurança, além de ser certificado. Na Ufla, o espaço é o começo de um longo trabalho. “Aqui nós cultivamos as células, o material vegetal, fazemos a extração e a análise. Depois, essas substâncias são enviadas para o professor Fernando Ferrari, que é o nosso farmacêutico, e ele faz os testes pré-clínicos, os testes em laboratório com modelos animais. A partir desses resultados, esses estratos vão, se obtivermos resultados positivos, essas pesquisas vão para clínica, vão para a equipe de Ribeirão Preto, e aí começa a ser pesquisa em seres humanos”, explicou Vanessa. E enquanto as pesquisas seguem avançando, crianças como Miguel podem ter mais esperança. A concentração no quebra-cabeças é também um olhar para o futuro, que vai trazer mais alegria para toda a família. “Para a gente é super importante, para a gente que tem crianças que tem alguma síndrome ou algum transtorno, essas pesquisas elas são essenciais porque são os medicamentos, os estudos que trazem mais esperança para a gente, para que a gente consiga um tratamento, uma evolução melhor na vida, na qualidade de vida dos nossos filhos, Então, para a gente é essencial”, completou a servidora pública Pauline Freire.
Laboratório da Ufla recebe certificação para projetos in vitro de cannabis medicinal geneticamente modificada
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