Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, Scott furtou o documento de identidade, o diploma de formação em medicina e a carteira do Conselho Regional de Medicina de um ex-namorado para exercer ilegalmente a medicina. Como clínico geral, ele chegou a dar plantões por duas vezes na UPA de São João del Rei, e uma vez no Hospital São Vicente de Paulo, em São Tiago. O falso médico vai responder pelos crimes de: exercício ilegal da medicinafalsidade ideológicafalsa identidade A reportagem tenta localizar a defesa do acusado. Falso médico atendeu mais de 10 pessoas durante um plantão Falso médico que atuava em São João del Rei é preso De acordo com o processo, o qual o g1 teve acesso, Bruno Scott trabalhou entre os dias 13 e 14 de março de 2014 no pronto atendimento do Hospital São Vicente de Paulo, em São Tiago. Conforme o relato do gestor do hospital na época, a equipe de funcionários desconfiou de Scott pelas dificuldades no atendimento aos pacientes, como “sangue no lençol da cama e material descartado no lixo comum, no apartamento de repouso do médico”. Já na UPA de São João del Rei, o homem realizou dois plantões. De acordo com um dos boletins de ocorrência registrados em 2014 pelo médico e diretor da UPA, Pedro Nardelli, pacientes e enfermeiros da unidade desconfiaram do falso médico durante o plantão do dia 17 de abril daquele ano. “Com o passar do plantão, a gente foi percebendo que a conduta dele não fazia muito sentido. Ele não tinha conhecimento nenhum sobre os medicamentos, a forma de prescrever e a própria enfermagem e os pacientes começaram a questionar. Quando fomos ao site do CRM buscar o nome dele vinculado, percebemos que não tinha esse nome com esse CRM, logo, sabendo disso a gente conversou com ele e fizemos o BO”, explicou. Diante da desconfiança, a supervisora administrativa da UPA solicitou informações à Fundação de Apoio ao Hospital Universitário de Juiz de Fora, responsável pela unidade de saúde de São João del Rei na época dos fatos, sobre a formação de Bruno Scott, sendo descoberto que o acusado estaria usando documentos de outro profissional. Denúncia e prisão Após a investigação da Polícia Civil terminar, Bruno foi denunciado pelo Ministério Público de MG;A polícia descobriu que ele havia fugido de Minas Gerais;Em novembro de 2023, Bruno teve a prisão decretada;Os advogados dele entraram com um habeas corpus, mas a ordem de prisão foi mantida pelo Tribunal de Justiça mineiro. Bruno foi encontrado em Copacabana no último dia 22, onde passava o fim de semana com amigos. “Após o término das investigações ele foi denunciado pelo MP e em novembro de 2023 ele teve a prisão preventiva decretada, tomou ciência e inclusive a defesa dele entrou com pedido de habeas corpus, mas o TJMG manteve essa prisão o que fez com que ele começasse a adotar uma série de medidas para que não fosse preso. Ele já não tinha mais residência fixa, se desfez do carro e só andava de transporte público para dificultar a possibilidade dele ser localizado e preso. A gente recebeu a informação da PCMG da possibilidade dele estar no RJ e o setor de inteligência conseguiu saber que ele estava hospedado em um hotel em Copacabana”, relatou o delegado Ângelo Lages. Segundo a polícia, ele tem passagem pelo crime de furto qualificado, em 2015. O homem já havia sido preso pela Polícia Federal, também em 2015, por tráfico internacional de drogas, após trazer narcóticos do Paraguai para São Paulo. O que disse o Hospital Universitário da UFJF Na última segunda-feira (24), a reportagem entrou em contato com a unidade de saúde para saber se queria enviar um posicionamento atual, mas foi informada que o “HU-UFJF/Ebserh não tem nenhuma informação a acrescentar sobre o assunto”. Em 2014, a Fundação de Apoio ao Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, que administrava a UPA de São João del Rei, informou que “tão logo a fundação tomou conhecimento dos fatos, providenciou a lavratura do Boletim de Ocorrência para fins de apuração, consignando, neste ato, que se coloca à disposição para os esclarecimentos necessários”. O que disse o Hospital São Vicente de Paulo Por telefone, o atual gestor do hospital, Cláudio Gontijo, ressaltou à reportagem na terça-feira (25) que o falso médico trabalhou no local por apenas um plantão, em 2014, e que o alerta de que o homem não era médico de verdade partiu da própria equipe técnica da unidade de saúde. Nota da Prefeitura de São João del Rei “A Prefeitura de São João del-Rei, por meio de sua Assessoria de Comunicação, vem a público esclarecer os fatos em relação à matéria veiculada pelo G1 do Rio de Janeiro, na qual um falso médico foi preso após atuar na UPA de São João del-Rei. No período de 2014, em que o indivíduo identificado como Bruno Scott exerceu funções na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São João del-Rei, a referida unidade estava sob a gestão terceirizada do Hospital Universitário (HU) de Juiz de Fora. Dessa forma, todos os dados relativos às contratações realizadas naquele período estão sob a responsabilidade do setor de Recursos Humanos (RH) do HU. É importante ressaltar que a Prefeitura de São João del-Rei não possuía vínculo direto com a UPA naquele período e, consequentemente, não tem acesso aos dados dos funcionários que atuaram na unidade durante a terceirização. A Prefeitura de São João del-Rei repudia veementemente o ato praticado por Bruno Scott e reafirma seu compromisso com a transparência e o zelo pela qualidade dos serviços prestados à população, e se coloca à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais.” Bruno Scott foi preso em Copacabana — Foto: Reprodução/TV Globo VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes