Umas das tecnologias que visa acelerar a reconstrução gaúcha foi criada na Universidade Federal de Viçosa (UFV), há mais de 1.800 quilômetros de distância do RS, e pretende acelerar a proteção das margens do rio. Trara-se do Projeto Reflora-RS, que prevê a recuperação da vegetação nativa como forma de recuperação e prevenção contra possíveis novas tragédias naturais. Seis mil mudas serão plantadas pelo Projeto Reflora O projeto, criado pelos pesquisadores da universidade mineira em 2020, combina duas tecnologias desenvolvidas pela UFV: o resgate de DNA e a indução ultraprecoce do florescimento de espécies nativas. O objetivo, segundo o professor do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) Glêison dos Santos, é usar a tecnologia de resgate de DNA de espécies nativas para acelerar a recuperação ambiental das margens dos rios do estado do Rio Grande do Sul em até 10 anos. “A tecnologia permite o florescimento precoce das principais espécies atingidas pelas enchentes de forma mais rápida.Com isso são produzidas mais sementes em menor tempo”. Árvores no RS que tiveram o DNA resgatado pelo projeto — Foto: Glêison dos Santos Mais de seis mil mudas de 30 espécies florestais nativas, dos biomas Pampa e Mata Atlântica, vão ser plantadas no estado. “O desenvolvimento de tecnologias inovadoras com a técnica de Resgate de DNA é fundamental para responder mais rapidamente aos processos de recuperação que são necessários após a ocorrência de desastres naturais. Essas novas tecnologias fazem com que o ambiente se recupere mais rápido e torne-se mais resiliente a fatores adversos do clima e solo”, explica o professor. A previsão é de que as ações durem três anos, e os principais passos serão: coleta de DNA em campo para as mudas, enxertia, florescimento das plantas e plantio nas regiões atingidas pelas enchentes. Professor Glêison dos Santos é um dos pesquisadores envolvidos no Projeto Reflora, no Rio Grande do Sul — Foto: Glêison dos Santos Logo após criação da tecnologia, em 2020, veio a primeira aplicação na recuperação ambiental do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho. Tecnologia foi aplicada pela Vale, em Brumadinho, após a tragédia ambiental em 2019 — Foto: Glêison dos Santos O professor destacou o papel das universidades em gerar valor ambiental e social, a partir das novas tecnologias geradas, transferindo o que foi desenvolvido na academia para a sociedade. “O projeto de resgate de DNA é um case de sucesso de geração de inovação e transferência de valor para a sociedade e também de parceria universidade e empresas, pois rapidamente várias delas adotaram a nova tecnologia gerada para resolver de forma mais rápida os danos ambientais causados à natureza”. Também houve aplicações em projetos para a redução dos impactos ambientias, como nas mineradoras mineiras de Conceição do Mato Dentro, Nova Lima e Ouro Branco, e também na Hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, no Pará. A tecnologia também é aplicada a diversos biomas, como a Amazônica, Cerrado e Mata Atlântica para ajudar no reflorestamento. Para alavancar o processo, a tecnologia também será cedida para universidades gaúchas e o Governo do Rio Grande do Sul. Durante a cessão, não haverá cobrança de royalties pelo uso da tecnologia, patenteada pela instituição mineira. O projeto tem investimento de cerca de R$ 7,5 milhões, sendo R$ 2,86 milhões da empresa de celulose CMPC, R$ 2,34 milhões da Embrapii Fibras Florestais, vinculada ao Departamento de Engenharia Florestal da UFV, e R$ 2,30 milhões de contrapartida econômica da própria UFV. Também serão financiadas bolsas para professores e para estudantes de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado. ASSISTA TAMBÉM: O Rio Grande do Sul 1 ano depois da enchente que devastou o estado O Rio Grande do Sul 1 ano depois da enchente que devastou o estado VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes