Nascida em Feijó, no interior do Acre, Larissa vive na capital paranaense há quatro anos. Ela se mudou em 2021 com o marido em busca de novas oportunidades. Ao g1, Larissa contou que a mãe costuma ir anualmente para visitá-la. Além de matar a saudade das comidas típicas, ela também vê o afeto da mãe em cada produto que é separado, congelado e embalado para ela. “Ela vem e fica um ou dois meses. A gente cozinha juntas e sempre é uma delícia. Alguns amigos daqui acabam amando, então às vezes eu até evito postar que ela chegou, porque todo mundo quer vir comer”, brincou. No vídeo, a jovem mostra os alimentos que a mãe leva. Entre eles, estão a famosa farinha e biscoito de Cruzeiro do Sul, pão manual, banana comprida, cheiro-verde fresco, carne para assado e bife, pé de moleque com castanha, bananinha frita, macaxeira frita, chicória, galinha caipira, peixes do rio Juruá, ingá, lambedor caseiro, quibe de arroz e o açaí ‘do grosso’, como ela faz questão de ressaltar. LEIA MAIS: As acreanas Larissa Castro, 33, e a mãe, Tânia Castro, 63, cozinhando juntas — Foto: Cedida Larissa disse que até encontra alguns produtos nortistas em Curitiba, mas que o sabor, e principalmente o significado, são bem diferentes. “Tem muita coisa que acho aqui, mas o gosto é outro. A carne, por exemplo, tem um sabor diferente, não sei o mistério, mas a carne do Acre é muito mais saborosa”, complementou. Cupuaçu virou atração Em uma das visitas, Tânia levou o cupuaçu congelado, que acabou virando atração e ingrediente especial nos doces do casamento da filha. Segundo Larissa, a sobremesa rendeu vários elogios e fez sucesso entre os convidados. “A gente fez brigadeiro e geleia de cupuaçu como lembrancinha. Todo mundo amou, muita gente nunca tinha provado o verdadeiro cupuaçu. Foi a sensação da festa”, contou Larissa. Geleia de cupuaçu vira sensação em casamento de acreano em Curitiba — Foto: Cedida Preparação Tânia Castro, mãe de Larissa, explicou todo o processo de preparação das encomendas, que começam semanas antes da viagem. Ela compra e congela frutas da época, como o cupuaçu e o açaí, e organiza tudo com ajuda do outro filho. Segundo Tânia, a rotina já é conhecida entre os produtores locais. “Quando chega a época do açaí, o rapaz já sabe e leva pra mim. Eu corto o cupuaçu, tiro a polpa e congelo em saquinhos para facilitar”, contou. Os produtos perecíveis, como carnes, peixes e verduras, são comprados um dia antes do voo. Para garantir que nada estrague, Tânia leva uma mala com isopor dentro, feito sob medida. “Minhas roupas ficam em Curitiba, porque é frio e no Acre é calor. Então eu levo a mala vazia, com o isopor certinho dentro para colocar as coisas congeladas”, explicou. Tânia também leva o tradicional quibe de arroz, que é comprado no Mercado do Bosque, em Rio Branco. O pedido é feito com antecedência, e a vendedora já separa a encomenda. “O quibe não vai frito, sempre levo em bolsa térmica, embrulhado no papel alumínio. É o único que não pode congelar, senão quebra na hora de fritar”, explicou. Tânia Castro, de 63 anos, no preparo do quibe de arroz — Foto: Cedida Ao chegar em Curitiba, Tânia coloca o quibe na geladeira e a Larissa já marca o encontro com os amigos. ”A gente frita tudo na mesma semana, e vira uma festa. Vem todo mundo comer quibe”, disse. Tânia diz ainda que sempre pega voos com apenas uma conexão, em Brasília, para evitar atrasos e garantir que os produtos cheguem intactos. “Dá tudo certo. E quando volto pro Acre, já começo a guardar as coisas pra próxima viagem”, completou. VÍDEO: g1