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Lar Brasil Sobrevivente de três cânceres transforma dor em acolhimento: ‘A vida me salvou para que eu pudesse cuidar dos outros’

Sobrevivente de três cânceres transforma dor em acolhimento: ‘A vida me salvou para que eu pudesse cuidar dos outros’

por admin
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No consultório, onde atua como psicanalista e terapeuta, também oferece mimos e pequenos gestos de afeto aos pacientes, reforçando que o cuidado vai além das palavras no Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama. “Cada desafio me mostrou a importância do amor, da escuta e da resiliência. A vida me salvou para que eu pudesse cuidar de outras vidas. Esse é meu propósito”. Daniela realiza doações de turbantes, acessório que marcou profundamente sua autoestima durante o tratamento — Foto: Daniela Martins/Arquivo pessoal Diagnóstico raro na adolescência A história de Daniela com o câncer começou aos 14 anos, quando foi diagnosticada com um tumor raro e agressivo no fígado: hepatoblastoma com carcinoma hepatocelular, após sentir uma dor abdominal forte. Diante da gravidade do quadro, foi encaminhada para fazer o tratamento nos Estados Unidos, no MD Anderson Cancer Center, em Houston, um dos maiores centros de oncologia do mundo. Após a cirurgia no fígado, ela enfrentou metástases pulmonares, passando por procedimentos cirúrgicos nos dois pulmões, além de quimioterapia intensa e protocolos de tratamentos experimentais. Durante dois anos, entre os 14 e os 16 anos, conciliou tratamento com a escola, com apoio dos professores e da família. “Mesmo debilitada, voltava para Juiz de Fora entre os ciclos de quimioterapia e frequentava as aulas. Queria seguir com a vida da forma mais normal possível.” Novos diagnósticos na vida adulta Na adolescência, os médicos alertaram que as chances de gravidez após a quimioterapia eram quase nulas. Mesmo assim, aos 28 anos, Daniela descobriu uma gestação durante exames de rotina. A filha Luisa nasceu e era só alegria, mas o pesadelo retornou com um novo câncer dois anos depois. Desta vez na mama, já com metástase. O tratamento durou um ano e incluiu cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Aos 40 anos, veio o terceiro diagnóstico, na outra mama. Daniela Martins foi diagnóstica com dois cânceres de mama entre 30 e 40 anos — Foto: Daniela Martins/Arquivo pessoal Um exame genético confirmou a mutação PALB2, que aumenta os riscos de câncer hereditário. Por esse motivo, ela passou por mastectomia bilateral profilática e histerectomia total, removendo as duas mamas e o útero, em cirurgia como medida preventiva. “Foi difícil, mas também uma decisão consciente. Era sobre preservar a vida com tudo que estava ao meu alcance.” Da experiência à escuta: o início como terapeuta A formação original de Daniela é em fisioterapia neurofuncional pela Universidade Católica de Petrópolis, área em que atuou por anos. Mas foi a vivência com a doença e a escuta na própria terapia que a aproximaram da psicanálise. “No consultório, eu cuidava das dores físicas dos meus pacientes, mas percebia que, muitas vezes, eles também traziam suas dores emocionais, suas histórias de vida e suas angústias. Ali, sem perceber, já nascia em mim um olhar mais profundo para o ser humano, um desejo de acolher não apenas o corpo, mas também a alma.” Inicialmente paciente, Daniela passou a estudar e se especializar na área com cursos da Escola Brasileira de Psicanálise, unindo à sua bagagem profissional com conhecimentos em Terapia de Família, Terapia de Casais, atendimento a crianças e adolescentes e Filosofia Prática. “Percebi que não se trata apenas de curar um sintoma físico, mas de acolher o sofrimento como um todo. Não é só sobre diagnóstico precoce. É sobre dar espaço para o medo, para a dor e para a esperança. É sobre cuidado integral. Esse olhar mais humano foi se aprofundando até virar missão.” Hoje, Daniela atende pacientes em Juiz de Fora com uma abordagem que integra suas formações acadêmicas, a vivência como paciente e a prática clínica. No Outubro Rosa, reforça o cuidado com gestos simbólicos e fala da importância da prevenção e da escuta emocional. Segundo Daniela, a família foi essencial para as lutas contra os cânceres desde a adolescência até a vida adulta — Foto: Daniela Martins/Arquivo pessoal *estagiária sob supervisão da editora Juliana Netto ASSISTA TAMBÉM: Outubro Rosa: apoio psicológico ajuda a devolver autoestima durante tratamento Outubro Rosa: apoio psicológico ajuda a devolver autoestima durante tratamento VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes

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