Esther foi encaminhada com urgência após o resultado do teste do pezinho dar inconclusivo para a doença. Bebê Esther realizou o teste do suor no HU-UFJF — Foto: HU-UFJF/Divulgação Segundo a pneumologista pediátrica Marta Duarte, o teste do suor é o exame mais confiável para confirmar a fibrose cística, que causa a produção de secreções espessas nos pulmões e no sistema digestivo, provocando tosse crônica, infecções pulmonares frequentes, má absorvição de nutrientes e inchaço abdominal. “A fibrose cística é uma doença genética. A criança herda uma mutação do pai e outra da mãe. O primeiro sinal pode surgir ainda na triagem neonatal, com o teste do pezinho. Mas só o teste do suor confirma o diagnóstico”, explica a médica. Como funciona o teste do suor Teste do suor — Foto: Marta Duarte/Arquivo pessoal Pessoas com fibrose cística perdem muito mais sal pelo suor. Às vezes, o sal chega a cristalizar na pele das crianças. Antigamente a doença era chamada de “doença do beijo salgado”. O teste pode ser feito em qualquer idade e, além do diagnóstico, também serve para monitorar, ao longo da vida, os níveis de sal no suor. Primeiro, é colocado um aparelho no braço do paciente, parecido com um relógio;Em seguida, uma leve corrente elétrica é aplicada na pele do paciente junto a uma substância que induz o suor;Esse suor é coletado e analisado para medir a concentração de cloreto — um dos componentes do sal. Apesar do exame ser realizado no HU-UFJF há mais de 20 anos, o método utilizado até pouco tempo era manual e a leitura do exame dependia da observação da mudança de cor de uma substância, o que podia gerar variações subjetivas nos resultados. Agora, o hospital adquiriu um equipamento, chamado cloridrômetro, que trouxe mais precisão, rapidez e segurança ao exame. “Com esse novo aparelho, não há mais dúvida. O resultado é gerado pelo equipamento, com alta confiabilidade. E, além disso, o processo ficou mais rápido e padronizado”, destaca Clarissa Cunha, chefe da Unidade de Laboratório do HU. O teste pode ser feito em qualquer idade, precisando apenas do encaminhamento médico — Foto: HU-UFJF/Divulgação A implantação foi conduzida pela Unidade de Análises Clínicas e Anatomia Patológica, pela Unidade da Criança e do Adolescente e pelo Centro de Referência em Fibrose Cística, com um investimento de R$ 207.570,84, recursos próprios do hospital. A automatização do exame também representa um avanço no monitoramento da doença, já que ele também ajuda a acompanhar a resposta ao tratamento com os novos medicamentos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), chamados moduladores da CFTR, que corrigem a proteína defeituosa responsável pela doença. “Esses medicamentos revolucionaram o tratamento da fibrose cística. E o teste do suor nos mostra se eles estão funcionando. Se o sal no suor cai, significa que a célula está respondendo bem. Ou seja, o teste também virou ferramenta de controle terapêutico”, explica a médica Marta. Fibrose Cística: uma doença rara, mas que pode ser tratada Apesar de ainda não ter cura, a fibrose cística deixou de ser considerada uma doença fatal na infância. Com diagnóstico precoce, acompanhamento multidisciplinar e novas terapias, a expectativa de vida dos pacientes pode ultrapassar os 60 anos. “Quanto antes a gente souber, mais cedo começa o tratamento, e menores são as complicações”, reforça a médica Marta Duarte. No HU-UFJF, os pacientes são acompanhados por uma equipe especializada, com pneumologistas, gastropediatras, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos e outros profissionais que integram o Centro de Referência em Fibrose Cística, o qual faz parte do Serviço de Doenças Raras da instituição. *estagiária sob supervisão de Victória Jenz VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes

