Entre explicações e fórmulas riscadas no quadro, ele transformou a matemática em inspiração para mais de 200 alunos das escolas estaduais Mercedes Nery Machado e Sebastião Patrus de Sousa, no bairro Santa Terezinha, fruto de mais de 15 anos de dedicação à educação. 🔍A Olimpíada de Professores de Matemática é uma das competições mais importantes do país, com a participação de mais de mil professores de todos os estados. Os participantes são avaliados por estratégias pedagógicas, criatividade no ensino e capacidade de engajar os alunos. A iniciativa foi criada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), vinculado ao Ministério da Educação e ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A premiação coloca Felipe no seleto grupo de docentes reconhecidos nacionalmente por estratégias inovadoras de ensino. O prêmio oferece ainda uma experiência única: um intercâmbio de 15 dias em uma universidade em Xangai, na China, em um centro de formação da Unesco, previsto para maio de 2026. Projeto criado há 10 anos impulsionou o resultado Há cerca de uma década, Felipe criou um projeto próprio para preparar alunos para a segunda fase da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). “Comecei em 2014 ou 2015. Na época, os alunos premiados e seus professores recebiam uma bonificação, e eu queria fazer parte disso. Mas o governo deixou de oferecer o benefício. Mesmo assim, continuei, porque percebi o impacto nos alunos”, contou o professor. Os primeiros encontros eram improvisados: aproveitavam intervalos, janelas de horário e salas disponíveis. Hoje, o trabalho faz parte da cultura das escolas onde ele atua. Os resultados apareceram: nos últimos dois anos, 30 estudantes receberam premiações, sendo 15 em cada ano, entre medalhas e menções honrosas. Professor Felipe Corrêa Escobar — Foto: Felipe Corrêa da Cruz Escobar/Arquivo Pessoal A rotina inclui encontros semanais, geralmente aos sábados, para treinar os candidatos da segunda fase. Com alunos do 9º ano, Felipe também oferece preparação para o ingresso em institutos federais. “Preparo a escola inteira. Todos os alunos aprovados para a segunda fase eu ajudo. É muito gratificante ver o crescimento deles”, disse. O desempenho dos estudantes também abriu portas para o professor. O caminho até a Olimpíada de Professores Felipe conheceu a Olimpíada de Professores de Matemática em um curso preparatório do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, no início deste ano. Como a competição estava em segunda edição e era destinada exclusivamente a docentes, ele ainda não a conhecia. A disputa ocorre em três fases: Avaliação escrita, com questões sobre conhecimento matemático e didática;Envio de vídeo, apresentando práticas pedagógicas e projetos;Entrevista com representantes de instituições como a SBM e universidades. O professor venceu todas as etapas da olimpíada, realizada on-line no início do mês. “Eu estava no Rio no dia da divulgação e, quando saiu a lista, fiquei muito feliz. Representar a rede pública é algo que me orgulha muito. Há excelentes professores que precisam ser valorizados”, afirmou. ‘A matemática virou meu futuro’, diz estudante Nos últimos anos, 30 estudantes receberam premiações em olimpíadas — Foto: Felipe Corrêa da Cruz Escobar/Arquivo Pessoal O impacto do trabalho reflete-se diretamente nos estudantes. Manoela Machado, aluna do professor, afirma que a matemática ganhou um novo significado. “Depois que comecei a ter aulas com o Felipe, a matemática virou diversão. Não é apenas uma matéria favorita, é algo que quero levar para o futuro”, afirmou. Isadora Regina, premiada na OBMEP, reconhece o papel decisivo do professor na conquista das medalhas. “Recebi menção honrosa em 2023 e medalhas em 2024. Se não fosse por ele, eu nem conheceria as olimpíadas. Ele incentiva todos nós”, completou. Para Miguel dos Santos, que também acumula premiações, o apoio do professor foi fundamental. “Venho recebendo medalhas graças ao incentivo dos meus professores”. Medalha que abre portas A medalha de ouro na OPM foi a primeira conquista de Felipe na competição. Agora, além do intercâmbio internacional, o professor deve oferecer oficinas e palestras no Brasil sobre o sistema educacional chinês. “Vamos entender como eles trabalham, como as famílias colaboram e como o professor atua em sala. Depois, devolveremos esse aprendizado em forma de formação para outros educadores no país”, explica. Os alunos demonstram tanta empolgação quanto ele em entrevista à TV Integração. “Por ele ser premiado, nos dá ainda mais vontade de conquistar medalhas e trazer orgulho para ele, assim como ele traz para nós”, diz Isadora. “Ensinar matemática não é apenas sobre números. É sobre abrir portas, gerar oportunidades e mostrar que o conhecimento transforma vidas”, finalizou o professor. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes
